Apesar de o nome popular, nem todo mundo sabe o que é acarajé. O bolinho de feijão-fradinho, frito em azeite de dendê, é um símbolo da Bahia e uma oferenda sagrada do candomblé. Ele é muito comum na região Ocidental da África, mas apresenta nomes distintos em cada país.
Existem controvérsias em relação à origem do acarajé e quando ele chegou ao Brasil, mas acredita-se que escravos vindos de Benim trouxeram a iguaria para as terras brasileiras entre o fim do século XVIII e o início do século XIX.
Então, já adiantamos que, se você gosta de história e cultura, este conteúdo está imperdível. Continue lendo o texto para saber o que é o acarajé, qual é a sua participação religiosa no candomblé e como ele passou a fazer parte da cultura baiana.
Acarajé e candomblé
Antes de saber do que é feito acarajé, é importante entender o significado do termo. Ele tem origem em iorubá, uma língua africana, em que akará quer dizer “bola de fogo” e jé significa “comer”. Juntos, os termos formam a expressão “comer bola de fogo”, diretamente relacionada com a história de Xangô e Iansã.
A história diz que Iansã, esposa de Xangô, foi à casa de Ifá (oráculo africano) buscar um alimento para o marido. Ao entregar a comida, Ifá recomendou que Xangô falasse ao povo depois de comer. Iansã ficou desconfiada e provou a iguaria antes de entregar ao marido, mas nada aconteceu.
Quando chegou em casa, Iansã entregou o prato para Xangô e repassou a indicação de Ifá. Xangô seguiu as indicações, e labaredas saíram de sua boca enquanto ele falava com o povo. Iansã foi ajudá-lo, mas as chamas também começaram a sair de sua boca. Por causa disso, o povo começou a saudá-los como grandes reis do fogo.
Preparação do acarajé
Está curioso para saber o que tem no acarajé ofertado ao orixás? Ele é um bolinho de feijão-fradinho frito e só pode ser preparado por filhos de santo. Dependendo do tipo de oferenda, o acarajé é feito em diferentes tamanhos e formas, mas a receita não pode ser modificada.
Portanto, esse acarajé é diferente daquele comercializado nas esquinas de
Salvador, que contém diversos complementos, como camarão e, em alguns casos, vinagrete.
Acarajé e história do Brasil
Como dito anteriormente, o acarajé tem origem africana e chegou ao Brasil por causa dos escravos que vieram da África. Na época, existiam as escravas de ganho, que tinham a função de ir para as ruas e vender mercadorias para as patroas.
Elas comercializavam diferentes itens: mingau, peixes fritos, acarajés, bolos, cocadas e muito mais. Depois do trabalho, as escravas repassavam a maior parte do lucro para as patroas, mas podiam ficar com uma pequena porcentagem. Por causa disso, muitas conseguiram sustentar suas famílias e comprar a própria liberdade.
O lucro dessa atividade também ajudou na criação de irmandades religiosas e no financiamento de terreiros de candomblé. As mulheres continuaram o ofício após o período escravocrata e, hoje, são conhecidas como as baianas do acarajé.
Baianas do acarajé
As baianas do acarajé são facilmente reconhecidas pela vestimenta: pano na cabeça, vestido longo branco, adereços e colares. O ofício das baianas do acarajé é considerado Patrimônio Nacional e está relacionado ao ritual que envolve a preparação dos alimentos, além da indumentária usada pelas mulheres.
Encontrar uma baiana do acarajé é muito simples, principalmente em Salvador, onde há, ao menos, uma delas por esquina. Entretanto, vale ressaltar que o acarajé comercializado na rua é diferente daquele oferecido aos orixás.
Então, para simplificar, veja o que é acarajé: um bolinho de feijão-fradinho, frito no dendê. No entanto, o que vai no acarajé como complemento pode variar. Em geral, o bolinho costuma ser recheado com camarão, vatapá e caruru.
Além disso, saiba que as baianas perguntam aos clientes se eles querem comer quente ou frio, o que pode causar certa confusão aos turistas. Então, anote esta dica: acarajé quente é feito com bastante pimenta, enquanto o frio dispensa o tempero.
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